terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Janelas Abertas nº 2

para Experimento Audiovisual de Inércia, Tédio e Silêncio

Ainda ontem, ao sair de casa, pela manhã, para comprar o jornal - que eu, fatalmente, não leria, pois mesmo não leio nenhum dos que compro -, cruzei este corredor vazio, como sempre o é. É incrível como durante todo este tempo em que tenho vivido aqui eu nunca sequer vi um vulto de gente, de bicho... De nada. Talvez tenha alguém preso lá dentro, do outro apartamento. Alguém que não consiga cruzar a soleira, que esteja, quem sabe(?), colado à madeira da porta, espiando, através do olho mágico, o corredor vazio que se acende e apaga o tempo todo. Não duvido, sinceramente, que ele, amiúde, abra e feche a tranca, que mal respire, que olhe a janela que lhe faz arrelias por estar sempre tão escancarada, não duvido de nada que venha de um cara preso mais dentro de si do que do apartamento.